quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Black Friday Brasil é a cara das relações de consumo tupiniquins

Li muitas críticas a respeito da Black Friday Brasil e há muito tento me programar para escrever aqui e não consigo. Inclusive, esse é um assunto muito pertinente para essa nova fase do blog.

Enfim, inclusive a Forbes chegou a fazer um trocadilho e chamar de "Black Fraude Brasil". Há muito eu defendo que consumidor não é saco de pancadas, o que parece que no Brasil  isso ainda não foi assimilado.

So while Black Friday in the U.S. is a day of deals, in Brazil it’s come to be known more as a day of fraud. (Forbes)

Enfim, inclusive a Forbes chegou a fazer um trocadilho e chamar de "Black Fraude Brasil". Há muito eu defendo que consumidor não é saco de pancadas, o que parece que no Brasil  isso ainda não foi assimilado.

Inclusive, uma das minhas lojas on line prediletas de calçados enviou um e-mail com várias ofertas para a Black Friday tupiniquim. A exemplo da foto abaixo:

Descontos tão baixos assim não são mais novidades nas "liquidações" brasileiras. Lembro que quando entrei na faculdade, cheguei a adquirir peças facilmente com 70% de desconto nessas temporadas de queima de estoque. No entanto, nos últimos anos tenho visto ofertas cada vez mais modestas. O que me irrita mais é a chamada da vitrine (que já não bastava ser brega por ser em inglês), que diz: "Sale! Até 70% off." E quando adentramos à loja percebemos que são poucas as peças com os tais 70% off e até nos constrangemos de perguntar quais as peças realmente em ofertas (eu, pelo menos, me constranjo). 

Desde o dia que comprei uma blusa na Colcci (em 2007), que custou R$300,00, que desbotou na primeira lavagem e quando fui reclamar na loja o "laudo" informou que eu tinha usado alvejante, nunca mais comprei lá. Só se eu fosse muito retardada mesmo para lavar uma blusa verde, nova, com alvejante.

Eu tinha uma paixão enorme pela loja, comprava tudo o que eu tinha gostado da coleção. Mas no dia que tive um problema com a peça fui tratada como se eu tivesse querendo dar o golpe. Aquilo me doeu tanto que eu deixei de comprar lá. E assim eu faço quando não me sinto respeitada por um fornecedor. 

Le client est le roi. Assim eu aprendi nas minhas aulas de francês e é assim que devemos ser tratados. Mas no Brasil parece que o lema é Le client est le fou.  Diariamente chegam demandas consumeristas no Núcleo de Prática Jurídica que me fazem perder a fé na boa-fé dos fornecedores. É a companhia de água e esgoto instala o medidor com um lacre fácil de ser quebrado e acusa o cliente de ter roubado água, é a companhia telefônica que inventa ligações nunca feitas, é a companhia de energia que alega que o seu consumo triplicou de uma hora para a outra em um único mês, é o plano de saúde que lhe cobra duas vezes por uma conta já paga (e exige que você prove que pagou, perdendo uma tarde inteira lá e tendo o seu atendimento recusado em hospitais), é a loja que vende algo defeituoso e diz que foi você que quebrou (ou pior, diz que se você não tiver observado o defeito na loja, não pode mais reclamar)...

Vivemos uma série de desrespeito à nossa inteligência que às vezes cansa. Eu gosto de consumir, assumo, mas não gosto de ser consumidora no Brasil (tá, é algo a ser analisado, porque a ideia de ser o lado hipossuficiente de uma relação me incomoda).

E agora, pergunta que não quer calar, você conhece os seus direitos?